sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Linfócitos geneticamente modificados exterminam tumores de leucemia


Os linfócitos geneticamente modificados de pacientes com leucemia exterminaram os tumores e evitaram sua reaparição pelo menos por um ano, segundo um estudo da Universidade da Pensilvânia publicado nesta quarta-feira pela revista Science Translational Medicine.

A leucemia é um tipo de câncer que afeta o sangue e a medula óssea onde se formam as células sanguíneas, e a doença ocorre quando as células produzidas na medula se multiplicam sem controle.

Segundo a Sociedade de Leucemia e Linfoma, em 2010, cerca de 43,5 mil pessoas nos Estados Unidos tiveram um diagnóstico de leucemia e aproximadamente 22 mil morreram por essa doença.

Os pesquisadores do Centro Abramson de Câncer e a Escola Perelman de Medicina, na Pensilvânia, testaram um método que consiste na coleta de células do próprio paciente e sua modificação genética, para depois retorná-las ao corpo do paciente submetido a quimioterapia.

O método oferece um tratamento para outras formas de cânceres, inclusive de pulmão e ovários, e mieloma e melanoma, segundo o artigo.

"Em um período de três semanas, os tumores foram eliminados de uma maneira muito mais drástica que o esperado", disse o principal autor do estudo, Carl June, professor de Patologia e Laboratório de Medicina no Centro Abramson de Câncer.


A pesquisa

Após retirar as células do paciente, a equipe de pesquisadores reprogramou-as para que atacassem as células do tumor mediante uma modificação na qual usaram um transmissor de lentivírus.

Esses são vírus cujo período de incubação é muito prolongado e daí seu nome, que alude à lentidão com que se desenvolvem os sinais das infecções que produzem.

O vetor codifica uma proteína similar a um anticorpo, chamada receptor antígeno quimérico (CAR, na sigla em inglês), que se expressa na superfície dos linfócitos ou células T e são destinadas a se unir a uma proteína chamada CD19.

Uma vez que os linfócitos começam a manifestar a proteína CAR, concentram todo o poder maligno nas células que expressam a CD19, que incluem as células com leucemia linfática crônica e as células B normais.

Os linfócitos modificados não mostram interesse algum por todas as outras células no paciente, que não expressem a proteína CD19, e isso limita os efeitos secundários que, tipicamente, acompanham os tratamentos padrão, segundo o estudo.

Os pacientes recrutados para este estudo tinham poucas chances de tratamento e o único tratamento potencial teria envolvido um transplante de medula óssea, um procedimento que requer um prolongado período de internação hospitalar e possui risco de mortalidade de 20%.

"O número de células T modificadas aumentou pelo menos mil vezes em cada um dos pacientes", comentou June.

"Os remédios não conseguem esse efeito e, além da enorme capacidade de multiplicação, esses linfócitos modificados são assassinos insaciáveis".

"Em média, cada linfócito causou a morte de milhares de células do tumor e, em conjunto, destruíram pelo menos quase um quilo de tumor em cada paciente", acrescentou.

Os métodos de cultivo utilizados neste exame reativam linfócitos que tinham sido suprimidos pela leucemia e estimula a geração das chamadas células T "de memória", com as quais os cientistas esperam conseguir uma proteção contra a incidência do câncer.

Ainda não se determinou a viabilidade a longo prazo do tratamento, mas os médicos já encontraram indícios de que, meses depois da infusão dos linfócitos modificados, as novas células tinham se multiplicado e podiam continuar sua tarefa de busca e extermínio das células cancerígenas.
EFE
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