sábado, 7 de maio de 2011

Açaí combate hiperplasia da próstata, revela estudo da UFRJ


Data: 23/04/2001
Local: São Paulo - SP
Fonte: Folha Online
Link: http://www.folha.uol.com.br/folha/

da Folha Online
A polpa do açaí, alimento consumido por nove entre dez marmanjos praticantes de esportes radicais, também possui propriedades que protegem contra a hiperplasia da próstata, revelou um estudo da Faculdade de Farmácia da UBr (a Universidade do Brasil — ex-UFRJ).
A descoberta foi feita pela farmacêutica Gracilene Barros, que concluiu recentemente um trabalho de mestrado sobre a fruta de polpa escura. Além do combate à doença masculina, a pesquisadora descobriu que o açaí tem características antioxidantes, antimicrobianas e pode ser usada no combate ao caramujo transmissor da esquistossomose. 

"Inicialmente, nosso objetivo era apenas conhecer mais profundamente a química e a farmacologia geral do açaí. Mas assim que começamos a trabalhar, percebemos a enorme riqueza química de suas folhas, cachos, flores e, em especial, frutos", diz Fábio de Sousa Menezes, professor que orientou o trabalho.
Ele conta que, num primeiro momento, surgiu a idéia de comparar o extrato da Euterpe oleracea (palmeira do açaí) com o da norte-americana Sabal serrulata, outra árvore pertencente à mesma família, utilizada para a fabricação de um comprimido para tratamento da hiperplasia prostática, caracterizada pelo aumento da próstata. 

"Na época, não conseguimos encontrar parceiro para fazer o teste farmacológico; por isso, tivemos que nos contentar em comparar quimicamente o extrato do açaí com um preparado à base do comprimido extraído da palmeira norte-americana. O resultado evidenciou claramente que, como a composição química de ambas as plantas é praticamente a mesma, provavelmente a atividade farmacológica também será bastante semelhante", afirma o professor. 


"Em vez de gastar fortunas com a importação do comprimido feito da palmeira americana, o Brasil pode vir a desenvolver um produto similar genuinamente nacional do extrato do açaí que substitua ou, pelo menos, se torne uma alternativa a mais ao produto desenvolvido nos Estados Unidos", diz. 

Segundo Menezes, os estudos mostraram que o açaí possui baixíssima toxidez, e há segurança mais do que suficiente para produzir medicamentos a partir do extrato do fruto. 

Com a publicação da tese de Gracilene, já foi encontrado um parceiro e, em breve, serão iniciados os estudos farmacológicos que devem comprovar a atividade do extrato do açaí no tratamento da hiperplasia prostática, doença que vem atingindo homens cada vez mais precocemente. "Hoje em dia, os urologistas já estão relatando casos de hiperplasia da próstata a partir de 40 anos de idade".
 
Combate a esquistossomose
A pesquisa revelou também que o extrato do açaí é capaz de exterminar o caramujo Biomphalaria grablata, hospedeiro da esquistossomose. Como a doença possui um ciclo evolutivo bem definido, a morte do caramujo pode ser um meio de bloquear a transmissão.
"A forma infectante da esquistossomose [a cercária] vem do caramujo; se o açaí mata esse caramujo, impede a disseminação da doença", diz Menezes. 

De acordo com o professor, os testes realizados comprovaram que os caramujos tiveram interrompida a sua capacidade de reprodução e, num prazo de três meses, 90% deles havia morrido. Passado esse período, no entanto, os 10% que sobreviveram voltaram a se reproduzir.
Uma coincidência ambiental também pode ser útil no combate ao molusco. "As terras alagadas, que são o mais perfeito habitat para o caramujo, são também áreas muito propensas à proliferação da Euterpe oleracea. Essas palmeiras crescem em terrenos alagadiços e, através da migração pelo solo e pelas raízes de suas substâncias químicas, os açudes próximos ficam protegidos da presença dos caramujos. Em outras palavras: em primeiro lugar, o açaí impede a reprodução do caramujo e, depois, vai exterminando-o aos poucos", diz.
Os testes realizados nos laboratórios da UBr foram feitos com uma quantidade mínima de extrato, numa concentração final de 10 ppm (partes por milhão) em solução aquosa. "Essa quantidade é tão pequena que se pode afirmar que é facilmente absorvida pelo solo e, conseqüentemente, pelo caramujo", afirma o professor.
"Panacéia universal"
As recentes descobertas não tornaram o açaí uma "panacéia universal", mas a fruta pode em breve se tornar um produto comum nas estantes de remédios naturais por causa de duas outras características: as propriedades antioxidantes e antimicrobianas.
"Constatamos que o açaí possui uma capacidade antioxidante cinco vezes maior pelo teste do DPPH do que a do Gingko biloba, produto fitoterapêutico que hoje é muito conhecido e utilizado no mundo inteiro", conta o professor.
A ação antimicrobiana do extrato do fruto pode ter como maior utilidade o combate ao Staphylococcus aureus, principal bactéria encontrada na pele humana.
"A união das capacidades antioxidante e antimicrobiana pode levar à produção, por exemplo, de um creme ou gel contra o envelhecimento da pele que, paralelamente, previna infecções dermatológicas".
Todos os testes farmacológicos realizados para o açaí foram fruto de convênios que Fábio Menezes mantém com outros professores da UBr/UFRJ. "Esse fato mostra que a interdisciplinaridade parece ser o caminho atual da ciência", acredita o professor.
"Produto natural" 

A única má notícia das recentes descobertas é para os consumidores fiéis de sucos e preparados à base da polpa congelada do açaí. O estudo feito na UBr/UFRJ comprovou que as polpas industrializadas, normalmente vendidas como "produto natural" não têm quase nenhuma similaridade química com a fruta. 

"Além de possuírem enormes quantidades de aditivos químicos, conservantes e estabilizantes, que dão as características de odor e sabor do açaí, esses produtos têm zero de atividade antioxidante. 

Ou seja, de açaí, mesmo, eles parecem só ter o gosto e o cheiro", diz.
 
Com informações da Agência UBr


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